segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Os dias de meninos...


O despertador toca e eu acordo dos meus sonhos cor-de-rosa que me habitavam o ser.
Acordo, num doce leito quente e confortável, de onde se escuta a chuva insistente a bater no telhado sobre a minha cabeça.
Permaneço ainda uns minutos deitada a escutar a chuva e a pensar que mais um dia virá.
Mais um dia como todos os outros, numa rotina fixa, de levantar, vestir, sair de casa, ir para a faculdade, encontrar amigos e colegas, ouvir professores e no final do dia regressar a casa.
Mais um dia de uma vida repleta destes dias iguais a tantos outros.
Não serão os dias todos iguais?
Com o mesmo número de horas, de minutos e de segundos…
Às vezes com chuva, às vezes com sol.
Umas vezes com vento outras vezes serenos.

Mas não, não são todos iguais…
Cada dia é único!

Assim como o nosso interior se encontra de uma forma única todos dias.
Todos dias há sorrisos diferentes.

Descobrimos sempre coisas novas!

Hoje dou por mim, numa manhã chuvosa e bem escura, a olhar pela janela, e vendo o meu reflexo distorcido.
Lá fora está escuro e da janela não se vê mais que apenas os contornos sumidos do horizonte.
Dou por mim a pensar no doce cantar dos pássaros, dos dias amenos em que nos encontrávamos e passeávamos pela pequena vila que ainda nos habita a memória.
Passeávamos no castelo, e corríamos por aquele espaço aberto, felizes e a sentir a doce brisa nos rostos de meninos que tínhamos na altura!
Ainda me lembro de cada momento daqueles dias quentes.
Daqueles em que a cada momento um sorriso surgia e a doçura nos invadia, brincadeiras que não acabavam, e que tornavam cada simples passo único.
Hoje as coisas são diferentes, não somos tão meninos assim.
Não somos tão meninos, e por muitos anos, nos impedimos de passear no castelo que habitava os nossos dias, as nossas brincadeiras. Que hoje habita os nossos sonhos e a nossa imaginação, a nossa memória e o nosso coração.
Lembro-me do teu doce olhar reguila, da tua inquietude de menino, que corria e brincava por aquelas ruas, que me pegava na mão e me abraçava, que brincava comigo…
Nunca me esqueci desses doces momentos.
Agora é de manhã e está a chover, algures na tua casa te levantas também para uma rotina só tua.


Retorno ao meu corpo que permanecia prostrado diante da janela, mirando o seu próprio reflexo indefinido.

Volto à minha rotina do dia-a-dia, despacho-me…

E bato a porta...

Vou-me embora...

1 comentário:

Filipe de Arede Nunes disse...

Somos incapazes de encontrar significado para cada um dos nossos dias, e de encontrar a intrinseca beleza de cada um deles, preferindo sem duvida a melancolica nostalgia de um passado mais ou menos recente. Por muito que digamos o contrário, não conseguimos!