segunda-feira, 17 de abril de 2006

E o anjo estendeu os braços.
Sentou a menina no colo.
Fez-lhe uma festa no cabelo e disse:
"Eu vou estar sempre aqui..."

A menina olha para ele com os olhos cheios de luz...
"Prometes?"

Ele olha-a enternecido:
"Mas será só quando o teu coração gritar..."

Ela entristece, dá-lhe um abraço e diz:
"Ou menos estás aqui..."

Ele sorri-lhe e ela sorri também.

Ele deita-a na cama, dá-lhe um longo e suave beijo na testa...
Ela adormeçe e fica calma...


A sua alma agradeçe ao Universo a presença dos anjos...

domingo, 16 de abril de 2006

E tinhas mais uma crise...


Era o dia de vir embora…
O dia não estava tão bonito como da última vez.



Este fim-de-semana tinha sido estranho, diferente.
O meu coração batia de um forma diferente.
Todo e qualquer gesto para mim era pesado e agressivo, as coisas tinham mudado de cor e o mundo estava ao contrário.
Procurei bem e vi que a felicidade ainda lá estava e novamente tudo se transformou.

...

Com a chuva a cair a força das lágrimas superou-me e ainda agora não sei porque chorava.

...

Tinha estado maior parte do tempo a pensar em tudo que se resume a nada.


Tu tinhas tido mais uma crise, e mais uma vez isolei o meu corpo.
Ali não havia ninguém.
Ainda queria que não sofresses, ainda o quero.



Era o dia de vir embora…
As coisas estavam calmas…
Por fora!

Era o dia de vir embora...

E eu já a fugir do lugar do meu coração, pensava no que se tinha passado aquela manhã…
As coisas aconteciam como se eu não estivesse lá, sentido apenas o que pairava no ar.


Pensei como tinha sido um almoço calmo com todos em volta da mesa, a família estava lá toda.
Ainda podíamos rir e dizer disparates.

Eu não conseguia…

Acabámos de almoçar e fomos arrumar as coisas.
No dia de Páscoa é sempre complicado viajar, tínhamos de nos apressar.


Fomos dar-te um beijinho, tínhamos mesmo de ir embora.
A tua ansiedade aumentou.
Querias que tivéssemos ficado, ou melhor, a minha mãe…
Não podíamos, ela não podia.
A tua ansiedade aumentou e tiveste outra crise.

...

Ainda não sei se estava de facto lá…

...

Só sei que sinto o peso daquele terrífico silêncio, que se fez sentir dentro daquelas paredes.
O religioso silêncio de palavras com o duro som das lágrimas a cair.
Sei que tinha a minha prima pequenina abraçada a mim e eu só conseguia dizer: “Calma…”

Choravam todos e doía-me o coração.

Quanto mais perto do fim mais difícil.
E eu nunca quis admitir.


Eu sei…
Tenho que procurar os Anjos outra vez.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Estarei aí...

Estou cansada!
Preciso de ti...

(Eu espero...)

Estende-me os braços por favor...

(Continuo a esperar...)

Eu sei...

O céu é longe!!

E é lá que tu moras...

Eu sei...

Mas preciso de ti!
Preciso de um abraço...

O doce beijo que colam os teus lábios nos meus...

UHM...
Em breve estarei aí!

quarta-feira, 5 de abril de 2006


Eram quatro da tarde e eu, sentada no banco de trás do carro, olhava pela janela.
Eu olhava pela janela com os olhos presos em nada, a ver os campos passarem e o carro voando por aquela tira negra, que os rasga, como um machado a cortar a lenha.
O meu coração dizia-me: “Caminhas para longe corpo, e eu… Eu vou ficando para trás.”
E eu sentia o peso de deixar para trás pessoas amadas, mesmo que, por uma ou duas semanas, pesava.



O dia estava quente, solarengo.
Um belo dia de Primavera.
Da janela, como uma menina que se perde em sonhos, observava os campos…
Tão verdes, tão floridos, tão alegres, tão luminosos, tão vivos, o meu oposto.
A mim…
A mim só me apetecia mandar parar o carro, pegar no volante, dar meia volta e ir ao encontro da vila que ainda aqui está guardada, e a muitas pessoas que amo.

O meu espírito saltava, pulava, e só se imaginava no meio daquelas plantas, deitada naquela relva, com uma roupa de menina, tão confortável como o ambiente que a minha alma encontrou…

E lembrei-me de ti Mi.
De ti que me ensinaste a sentir a brisa da manhã, sentada num tractor, a passear pelo campo.
De ti Mi, lembrei-me de ti e das manhãs, em que sem dormir, fiquei sem sono.

Porque me ensinaste a respirar na natureza e contagiar-me com a vida que ela transmite.
E agora a olhar para os campos tão verdes e tão vivos, penso como seriam os passeios pelo meio deles nesta altura. A cavalo ou a correr, de tractor ou a andar…

Contigo eu sei que iria.



Consigo sorrir apesar da distância aumentar, ao pensar nesses momentos, em muitos que nunca aconteceram.

Ainda virão muitas manhãs em que tu me dirás:
“Ficas cá e vais dormir um bocadinho!
Inês, tu não dormiste nada!
Que vais para além fazer???
Anda fica aqui a descansar.
És mesmo tonta…”
E que eu irei responder:
“Não fico, não fico nada…
Não ‘tou com sono.
Tenho vergonha.”

E tu nunca irás perceber o que me ensinaste com estas manhãs, aquelas em que todos dormem, mas que as tuas responsabilidades não te deixam.
E como de tão simples se tornam tão doces!

Virão ainda mais manhãs em que eu te direi:
“Mi, vamos ver as vaquinhas?”

E tu me responderás:
“Se tu quiseres.
Já sei que vais gostar da mais escanzelada.”
E agora já olhas para mim a sorrir, mas mesmo assim pensas:
“Não sei qual é a piada…”

E virão as belas tardes, e fim de tardes…
Havemos de rir.
E já prometi lavarmos o carro…