quarta-feira, 5 de abril de 2006


Eram quatro da tarde e eu, sentada no banco de trás do carro, olhava pela janela.
Eu olhava pela janela com os olhos presos em nada, a ver os campos passarem e o carro voando por aquela tira negra, que os rasga, como um machado a cortar a lenha.
O meu coração dizia-me: “Caminhas para longe corpo, e eu… Eu vou ficando para trás.”
E eu sentia o peso de deixar para trás pessoas amadas, mesmo que, por uma ou duas semanas, pesava.



O dia estava quente, solarengo.
Um belo dia de Primavera.
Da janela, como uma menina que se perde em sonhos, observava os campos…
Tão verdes, tão floridos, tão alegres, tão luminosos, tão vivos, o meu oposto.
A mim…
A mim só me apetecia mandar parar o carro, pegar no volante, dar meia volta e ir ao encontro da vila que ainda aqui está guardada, e a muitas pessoas que amo.

O meu espírito saltava, pulava, e só se imaginava no meio daquelas plantas, deitada naquela relva, com uma roupa de menina, tão confortável como o ambiente que a minha alma encontrou…

E lembrei-me de ti Mi.
De ti que me ensinaste a sentir a brisa da manhã, sentada num tractor, a passear pelo campo.
De ti Mi, lembrei-me de ti e das manhãs, em que sem dormir, fiquei sem sono.

Porque me ensinaste a respirar na natureza e contagiar-me com a vida que ela transmite.
E agora a olhar para os campos tão verdes e tão vivos, penso como seriam os passeios pelo meio deles nesta altura. A cavalo ou a correr, de tractor ou a andar…

Contigo eu sei que iria.



Consigo sorrir apesar da distância aumentar, ao pensar nesses momentos, em muitos que nunca aconteceram.

Ainda virão muitas manhãs em que tu me dirás:
“Ficas cá e vais dormir um bocadinho!
Inês, tu não dormiste nada!
Que vais para além fazer???
Anda fica aqui a descansar.
És mesmo tonta…”
E que eu irei responder:
“Não fico, não fico nada…
Não ‘tou com sono.
Tenho vergonha.”

E tu nunca irás perceber o que me ensinaste com estas manhãs, aquelas em que todos dormem, mas que as tuas responsabilidades não te deixam.
E como de tão simples se tornam tão doces!

Virão ainda mais manhãs em que eu te direi:
“Mi, vamos ver as vaquinhas?”

E tu me responderás:
“Se tu quiseres.
Já sei que vais gostar da mais escanzelada.”
E agora já olhas para mim a sorrir, mas mesmo assim pensas:
“Não sei qual é a piada…”

E virão as belas tardes, e fim de tardes…
Havemos de rir.
E já prometi lavarmos o carro…

4 comentários:

tatiana disse...

Um bonito texto =)

gosto muito de me perder nas paisagens quando as contemplo. Esqueço tudo o resto. É como se fizesse parte do que vejo.

****

T. disse...

epah lindooo

sabes k tb sinto sp akele aperto kd tenho mm d voltar para lx...a minha casa n é aki..=)

(e eu que moro numa kinta com 3 cadelas lindas num sítio que é um paraíso que cheira a malmequeres...enfim...custa spr)

a-d-o-r-e-i..

bj**

Filipe de Arede Nunes disse...

Agora fiquei nostalgico. Relembrar a infancia, os malmequeres e as vacas no pasto. Recordar os amigos de quando eramos pequeninos, as aventuras, as conversas inocentes... Gostei muito, parabéns! *

p disse...

Oh.. bonito bonito! gostei mesmo de recordar as vaquinhas (e confesso que ainda hoje quando avisto animaizinhos a pastar me entusiasmo bastante!)

Mts parabens. Go on!
e obrigada pelos comments no meu.
*

:)