
Era o dia de vir embora…
O dia não estava tão bonito como da última vez.
Este fim-de-semana tinha sido estranho, diferente.
O meu coração batia de um forma diferente.
Todo e qualquer gesto para mim era pesado e agressivo, as coisas tinham mudado de cor e o mundo estava ao contrário.
Procurei bem e vi que a felicidade ainda lá estava e novamente tudo se transformou.
...
Com a chuva a cair a força das lágrimas superou-me e ainda agora não sei porque chorava.
...
Tinha estado maior parte do tempo a pensar em tudo que se resume a nada.
Tu tinhas tido mais uma crise, e mais uma vez isolei o meu corpo.
Ali não havia ninguém.
Ainda queria que não sofresses, ainda o quero.
Era o dia de vir embora…
As coisas estavam calmas…
Por fora!
Era o dia de vir embora...
E eu já a fugir do lugar do meu coração, pensava no que se tinha passado aquela manhã…
As coisas aconteciam como se eu não estivesse lá, sentido apenas o que pairava no ar.
Pensei como tinha sido um almoço calmo com todos em volta da mesa, a família estava lá toda.
Ainda podíamos rir e dizer disparates.
Eu não conseguia…
Acabámos de almoçar e fomos arrumar as coisas.
No dia de Páscoa é sempre complicado viajar, tínhamos de nos apressar.
Fomos dar-te um beijinho, tínhamos mesmo de ir embora.
A tua ansiedade aumentou.
Querias que tivéssemos ficado, ou melhor, a minha mãe…
Não podíamos, ela não podia.
A tua ansiedade aumentou e tiveste outra crise.
...
Ainda não sei se estava de facto lá…
...
Só sei que sinto o peso daquele terrífico silêncio, que se fez sentir dentro daquelas paredes.
O religioso silêncio de palavras com o duro som das lágrimas a cair.
Sei que tinha a minha prima pequenina abraçada a mim e eu só conseguia dizer: “Calma…”
Choravam todos e doía-me o coração.
Quanto mais perto do fim mais difícil.
E eu nunca quis admitir.
Eu sei…
Tenho que procurar os Anjos outra vez.
1 comentário:
ai...d ficar com lágrimas nos olhos...=S
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